A educação e o gosto amargo das urnas
Mais um período eleitoral se passa e fica o gosto amargo dos votos que não apareceram nas urnas para eleger os professores que colocaram os seus nomes ao sufrágio popular. Com isso, ficaremos mais quatro anos sem um Representante dos trabalhadores em Educação na Câmara de vereadores de Mata de São João. Até a vereadora Pró Solange, que tem origem na Educação, não foi reeleita
Essa é uma triste realidade. Aqueles que representam a classe dos Professores no dia-a-dia, por meio de trabalhos sindicais ou de outras ações que beneficiam a classe, não têm sido bem sucedidos nos pleitos eleitorais. Chama à atenção a má votação de educadores, inclusive, com um lastro serviço na política sindical. Em Salvador, dois representantes sindicais, Claudemir Pig com 1.942 votos e Rui Oliveira com 4.077, enquanto o mais votado, Paulo Câmara teve 18.432 votos, não tiveram votação suficiente para se elegerem. Em Catu, a professora Célia teve apenas pífios 53 votos enquanto o mais bem votado, Paulo de Cacinho teve 895 votos. Em Lauro de Freitas, o professor Valdir da ASPROLF teve 192 votos enquanto o mais votado: Edilson Ferreira teve 2.672 votos. Em Mata de São João o Professor Marcus Seixas, apoiado pelo sindicato, teve apenas 151 votos enquanto o mais votado , Agnaldo de Lulu teve 1.032. O que esses números revelam? Essa é a questão que precisamos responder.
Olhando o contexto de Mata de São João e considerando os múltiplos ganhos que a categoria dos professores teve durante os últimos quatro anos como resultados do trabalho sindical (ver artigo: http://maisregiao.com.br/noticias/23222/quem-tem-hist-ria-merece-respeito.html ), era para se esperar uma votação mais expressiva do candidato que foi apoiado pelo Sindicato. Temos na Rede 508 professores, 29 diretores, 84 assistentes de direção, 50 coordenadores pedagógicos 28 secretários escolares. Somando todo esse pessoal, sem contar com seus parentes, são 699 profissionais que sozinhos poderiam eleger um Vereador, já que a média de voto dos vereadores eleitos aqui em Mata foi de 600 votos. Salvador, Catu e Lauro de Freitas têm um número de profissionais da educação proporcionalmente grande quanto o de Mata, e a realidade nas urnas foi deprimente.
O que tudo isso tem mostrado é que os trabalhadores em educação não têm interesse em eleger seus representantes para exercerem mandatos políticos, indicando que os militantes sindicais devem se manter apenas na trincheira da luta pelos direitos da categoria fazendo apenas política sindical e não partidária, como se isso fosse possível. Coisa que acontece diversamente com aqueles que trabalham na área de saúde. Vários médicos foram eleitos no ultimo pleito para deputado em 2014, agora para prefeito e vereadores, vários trabalhadores na área de saúde foram eleitos. Sem falar nas pessoas que se dedicam a socorrer pessoas levando para hospitais que são sempre os mais bem votados nos municípios. Aqui em Mata de São João, os vereadores que militaram durante os seus mandatos na saúde, Pastor Sandro com 996 votos e Paulo Bolinha com 953, foram os mais bem votados e ainda foi eleito um dentista.
A guisa de conclusão fica aí uma assertiva: a nosso ver, os nossos educadores precisam reavaliar a sua postura política eleitoral. Não adianta ficarmos fora dos espaços de decisão, pois é lá onde a vida de todos os educadores e da sociedade é decidida por meio dos votos dos vereadores que aprovam ou desaprovam leis que irão nortear a vida de todos. A política é a arma que os trabalhadores na área de saúde têm usado para sua valorização e garantir seu espaço político. Fica aí a lição para os Trabalhadores em Educação.