• Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

 

O POLITIKOS E O IDIOTES

O POLITIKOS e o IDIOTES


Você sabe qual é a origem da palavra Idiota? Não sabe? Vou te contar. Essa palavra é, como muitas outras, de origem grega. Ela vem do grego “IDIOS”, que corresponde a “pessoal, privado”. Daí surgiu a palavra IDIOTES, individuo que vive no “mundo privado”. Podemos então inferir a partir dessa etimologia que todo aquele individuo que não se interessa pela vida pública é um IDIOTES ou, como é falado comumente entre nós, é um idiota (não no sentido pejorativo de imbecil).

O antônimo da palavra idiota, no sentido aqui colocado, é Política, também de origem grega. A palavra política vem de: ta politika, vinda de polis. O que chamamos de cidade, equivale ao que os gregos chamavam de Polis. Politikos era todo cidadão ateniense que pudesse participar das discussões sobre os problemas da cidade que eram argumentados e debatidos na Ágora, espaço de debate. Aqui, podemos perceber que, o IDIOTES é o contrário do POLITIKOS, ou atualizando o termo, o IDIOTA (que só se preocupa com o que é privado, com o que é seu, com seu próprio umbigo) contrasta com o Político (aquele que cuida das coisas públicas e comuns).

Trazendo essa analogia entre Politikos e o Idiotes para a realidade da pratica pedagógica, podemos afirmar que o Professor é essencialmente um ser que se identifica com o Polítikos e não com o seu contrário, porque a sua ação envolve essencialmente um compromisso com os jovens que irão exercer o seu papel na sociedade, ensinando-lhes as matérias que tratam das questões comuns: a língua, que será exercitada nos espaços públicos para tratar das coisas da cidade; a matemática, que será usada na resolução de questões dessa mesma natureza em todos os espaços; a lógica, que servirá como instrumento do raciocínio para desvendar as armadilhas dos juízos que são usados para enganar... Enfim, o Professor é idêntico ao Político, pois a sua pratica pedagógica está sempre voltada para o público e não para o privado.

Baseando-me no acima exposto, posso afirmar categoricamente que o Professor tem forçosamente a obrigação de estender sua ação política formadora para fora dos muros das escolas, participando das ações que são desenvolvidas pelos movimentos sociais que visam melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos, em particular, para defender os interesses de sua própria classe. Aqui cabe citar o ato político da Greve Nacional dos professores, acontecida no ultimo dia 15 de março de 2017, onde milhares de educadores deixaram suas salas de aula para estender sua Ação Pedagógica às ruas, protestando contra as decisões draconianas do Governo Ilegítimo e golpista do Presidente Michell Temer, que está impondo de forma truculenta um projeto político que foi derrotado nas urnas, nas ultimas eleições presidenciais. Um projeto criado pelo PSDB e que foi reprovado pelo povo brasileiro.

A Rua é o lugar que substitui, hoje, a antiga Ágora Grega, é o lugar legitimamente democrático que não foi dominado por aqueles que usam o poder, não para beneficiar o Povo (democracia), mas aos seus próprios interesses, mostrando o seu lado idiota. É na rua que devemos complementar as nossas aulas; é na rua, participando dos movimentos reivindicatórios que somos seres essencialmente políticos e não idiotas. Como dizia o velho Aristóteles (filosofo grego clássico): “O homem fora da Cidade (Polis) é um animal ou um deus”. Podemos atualizar essa máxima dizendo: o Professor fora das questões da cidade deixa de ser um POLITIKOS para ser um IDIOTES.


Autor: Manoel Jorge B. Costa